Não acredite em tudo que você vê na internet. Essa foi a mensagem deixada pelo Dr. Francis Collins, diretor dos Institutos Nacionais da Saúde nos Estados Unidos, em conversa com o pastor Russell Moore, presidente da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa, o braço de políticas públicas da Convenção Batista do Sul.
Durante a conversa publicada na última quinta-feira (3), o geneticista cristão e o pastor batista encorajaram os cristãos a buscarem a verdade sobre as vacinas, em vez de acreditarem na desinformação e teorias de conspiração espalhadas pelas redes sociais.
“Irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas”, disse Collins, citando Filipenses 4:8. “Isso se aplicaria muito bem aqui”.
Moore questionou o geneticista se as vacinas da Covid-19 podem realmente alterar o DNA humano — uma teoria que tem se espalhado pela internet. Collins, conhecido por liderar o Projeto Genoma Humano, refutou a ideia de que a tecnologia da vacina de RNA mensageiro (mRNA), produzida pela Pfizer e Moderna, altera o código genético.
“O RNA vive por muito pouco tempo em seu corpo”, explicou ele. “É rapidamente degradado porque o RNA tem uma meia-vida muito curta. Portanto, não fica nenhum resíduo do que tenha sido injetado, além de provavelmente algumas horas”.
Os dois também comentaram rumores de que haveria um plano para implantar microchips rastreáveis nas pessoas, e que o cofundador da Microsoft, Bill Gates, estaria por trás disso. “Não há nenhum metal implantado que interage com satélites 5G, fazendo com que as pessoas sejam rastreadas”, disse Moore.
“E o Bill Gates não nos convenceu a colocar microchips nas seringas”, acrescentou Collins. “Algumas pessoas ouviram isso e acham que talvez seja verdade. Eu realmente quero garantir que essas ideias são malucas”.
Collins disse que não há nenhum novo tecido fetal usado em nenhuma das vacinas da Covid-19 em produção. No entanto, ele observa que uma linha celular derivada de um aborto em 1972 foi usada na preparação das vacinas Johnson & Johnson e AstraZeneca, mas não foi usada na produção das vacinas Pfizer e Moderna. Ele acrescentou que a linha celular às vezes é usada em experimentos de laboratório para avaliar se algo está funcionando conforme o esperado.Advertisementabout:blank
“Existe uma linha celular que foi derivada de uma gravidez interrompida na Escandinávia em 1972, um aborto eletivo”, disse Collins. “Essa linha celular tem sido usada em muitas, muitas áreas da biotecnologia”.
Embora estas sejam as vacinas produzidas em menor tempo na história, Collins garante que os cientistas se atentaram aos padrões de eficácia e segurança. “Se o FDA (Food and Drug Administration, em inglês) e suas conclusões feitas em apenas algumas semanas, dizem que as vacinas são seguras e eficazes, é porque os dados dizem que são seguras e eficazes”, disse Collins.
Avaliando o risco da vacina
Por outro lado, Collins reconhece que todo tratamento médico apresenta riscos. Ele argumenta que a quimioterapia, por exemplo, pode deixar um paciente com câncer doente, mas também pode curar sua doença fatal.
“Para nós, insistir que uma vacina tem que ser 100% livre de qualquer risco possível não seria razoável”, disse Collins. “No momento, [esse risco] parece mínimo”.
Collins previu que confiar apenas na “imunidade de rebanho” possivelmente mataria milhões e disse que esse é um preço muito alto a ser pago.
“Se você está tentando avaliar benefícios e riscos e acredita que Deus nos dá a oportunidade de agir como Seus agentes para tentar aliviar o sofrimento e a morte, então este é um bom equilíbrio”.
Enquanto o mundo espera pelas vacinas da Covid-19, Collins pediu às igrejas que continuem investindo nas reuniões virtuais e que as pessoas permaneçam higienizando as mãos, usando máscara e mantendo o distanciamento social.
“Eu sei que as pessoas estão cansadas de ouvir essas mensagens e ter que agir de acordo com elas, mas o vírus não liga se estamos cansados”, disse o geneticista.